“Transformo o lixo no belo. Transformo o que ninguém quer ver em arte”
Por: Matheus Alves da Rocha
Por: Matheus Alves da Rocha
Foto: Matheus Rocha
Estatura mediana, sorriso largo, cabelos negros, pele escura. A artista nascida em Moreno-PE, filha de dona de casa com um motorista de ônibus transforma o lixo em arte. Das muitas visitas ao Recife, algo chamou a atenção; os olhos negros de Elizângela Maria do Nascimento observava a realidade das pessoas que viviam às margens do rio Capibaribe e Beberibe. As moradias feitas de madeira suspensas ao lixo e, por trás delas, uma floresta de concreto, aço e luxo tornou-a conhecida como Elizângela das Palafitas.
Porém mesmo antes de observar a vida de que mora nas palafitas, Elizângela já trabalhava com reciclagem. Vinda de família humilde, fazia seus próprios brinquedos. Caixa de fósforo, papel e o que achasse que pudesse tirar algum proveito até o final do dia se transformava em brinquedo. “Olhava sempre o lixo, ele sempre me deu coisas interessantes. Caixinha de fósforo, papel, fazia papel machê... E sempre fazia meus próprios brinquedos”, falou relembrando aquele período difícil, mas feliz ao mesmo tempo. A dificuldade sempre esteve ao lado, mas a superação caminhava junto.
O trabalho com as palafitas começou em 2003 de forma inesperada, mas que marcaria a carreira da morenense. "Certo dia cheguei em casa e tinha assim no quintal umas madeirinhas e eu disse: vou fazer uma casinha daquelas", explicou olhando para o chão como se, por um momento, ela vivesse tudo aquilo outra vez. Suas primas, consideradas por Elizângela como irmãs, não deram tanto valor a obra e o que deu início a carreira da artista permaneceu parado por um tempo. "Como se trata de lixo, de reciclagem, ninguém dava muito valor", com a afirmação, Elizângela demonstrava o difícil começo que teve que passar até ser reconhecida. Porém, desistir não era uma opção.
Do ponto de vista de Elizângela, sua arte tem uma razão para existir. Um espelho que retrata a sua própria realidade, é assim como define o seu trabalho. “Eu gostaria que através da minha arte, os poderes públicos olhassem mais essa situação precária que muitas pessoas ainda vivem. Aqui em Recife é um lugar onde há muita dificuldade de habitação, saneamento básico, moradia. Eu me espelho muito, porque também não tenho casa, moro de aluguel e antes disso morava com minha melhor amiga (Claudionete Lira) de favor. Como sou sozinha, meus pais já morreram, eu sinto na pele a realidade dessas pessoas”, disse de forma apelativa.
O inesperado bateu na porta de Elizângela mais um vez. Uma amiga viu o que seus familiares não conseguiam enxergar no primeiro momento: o belo vindo do descartado. Claudionete Lira (a quem Elizângela a todo momento demonstrou respeito, admiração e, acima de qualquer coisa, agradecimento) acreditou no potencial das Palafitas desde o início e mudou a vida de quem a fazia. Entretanto, ter conhecimento era necessário para a lapidação das obras. Por intermédio de Claudionete, Elizângela passou a frequentar museus, galerias que nunca teve a oportunidade de conhecer. Por conta de um conselho da amiga, as palafitas foram parar na Feneart, em 2006. Logo na primeira participação conseguiu o prêmio de segundo lugar, no Salão dos Reciclados. Desde então, a artista não parou mais de mostrar as obras. A dura realidade de quem vive nas palafitas da capital pernambucana ultrapassou as fronteiras do país. Norte-americanos, italianos, franceses são clientes, assim como o Museu do Homem do Nordeste. Todos encantados pela simplicidade do ateliê localizado na Rua do Amparo, n°95, na sugestiva Olinda, que respira arte.
Hoje Elizângela é reconhecida pela sua arte. O talento para, como ela mesma diz, “transformar o lixo no belo” é sua forma de contribuição para a sociedade. Destaca o que muitos fecham os olhos para não observar, que finge que aquilo não existe. Entretanto, sua simplicidade fez com que outros artistas vissem seu talento. A amiga Claudionete Lira foi a primeira, mas não a única. “Graças a Deus hoje eu sou reconhecida pelo meu trabalho. Hoje muitos amigos meus me indicam para expor meu trabalho. Principalmente Tiago Amorim, que gosta da minha arte ele me conheceu na Feneat e a partir disso fui chamada para vários eventos”, disse olhando para o senhor que fazia referência. De forma agradecida.
Estatura mediana, sorriso largo, cabelos negros, pele escura. A artista nascida em Moreno-PE, filha de dona de casa com um motorista de ônibus transforma o lixo em arte. Das muitas visitas ao Recife, algo chamou a atenção; os olhos negros de Elizângela Maria do Nascimento observava a realidade das pessoas que viviam às margens do rio Capibaribe e Beberibe. As moradias feitas de madeira suspensas ao lixo e, por trás delas, uma floresta de concreto, aço e luxo tornou-a conhecida como Elizângela das Palafitas.
Porém mesmo antes de observar a vida de que mora nas palafitas, Elizângela já trabalhava com reciclagem. Vinda de família humilde, fazia seus próprios brinquedos. Caixa de fósforo, papel e o que achasse que pudesse tirar algum proveito até o final do dia se transformava em brinquedo. “Olhava sempre o lixo, ele sempre me deu coisas interessantes. Caixinha de fósforo, papel, fazia papel machê... E sempre fazia meus próprios brinquedos”, falou relembrando aquele período difícil, mas feliz ao mesmo tempo. A dificuldade sempre esteve ao lado, mas a superação caminhava junto.
O trabalho com as palafitas começou em 2003 de forma inesperada, mas que marcaria a carreira da morenense. "Certo dia cheguei em casa e tinha assim no quintal umas madeirinhas e eu disse: vou fazer uma casinha daquelas", explicou olhando para o chão como se, por um momento, ela vivesse tudo aquilo outra vez. Suas primas, consideradas por Elizângela como irmãs, não deram tanto valor a obra e o que deu início a carreira da artista permaneceu parado por um tempo. "Como se trata de lixo, de reciclagem, ninguém dava muito valor", com a afirmação, Elizângela demonstrava o difícil começo que teve que passar até ser reconhecida. Porém, desistir não era uma opção.
Do ponto de vista de Elizângela, sua arte tem uma razão para existir. Um espelho que retrata a sua própria realidade, é assim como define o seu trabalho. “Eu gostaria que através da minha arte, os poderes públicos olhassem mais essa situação precária que muitas pessoas ainda vivem. Aqui em Recife é um lugar onde há muita dificuldade de habitação, saneamento básico, moradia. Eu me espelho muito, porque também não tenho casa, moro de aluguel e antes disso morava com minha melhor amiga (Claudionete Lira) de favor. Como sou sozinha, meus pais já morreram, eu sinto na pele a realidade dessas pessoas”, disse de forma apelativa.
O inesperado bateu na porta de Elizângela mais um vez. Uma amiga viu o que seus familiares não conseguiam enxergar no primeiro momento: o belo vindo do descartado. Claudionete Lira (a quem Elizângela a todo momento demonstrou respeito, admiração e, acima de qualquer coisa, agradecimento) acreditou no potencial das Palafitas desde o início e mudou a vida de quem a fazia. Entretanto, ter conhecimento era necessário para a lapidação das obras. Por intermédio de Claudionete, Elizângela passou a frequentar museus, galerias que nunca teve a oportunidade de conhecer. Por conta de um conselho da amiga, as palafitas foram parar na Feneart, em 2006. Logo na primeira participação conseguiu o prêmio de segundo lugar, no Salão dos Reciclados. Desde então, a artista não parou mais de mostrar as obras. A dura realidade de quem vive nas palafitas da capital pernambucana ultrapassou as fronteiras do país. Norte-americanos, italianos, franceses são clientes, assim como o Museu do Homem do Nordeste. Todos encantados pela simplicidade do ateliê localizado na Rua do Amparo, n°95, na sugestiva Olinda, que respira arte.
Hoje Elizângela é reconhecida pela sua arte. O talento para, como ela mesma diz, “transformar o lixo no belo” é sua forma de contribuição para a sociedade. Destaca o que muitos fecham os olhos para não observar, que finge que aquilo não existe. Entretanto, sua simplicidade fez com que outros artistas vissem seu talento. A amiga Claudionete Lira foi a primeira, mas não a única. “Graças a Deus hoje eu sou reconhecida pelo meu trabalho. Hoje muitos amigos meus me indicam para expor meu trabalho. Principalmente Tiago Amorim, que gosta da minha arte ele me conheceu na Feneat e a partir disso fui chamada para vários eventos”, disse olhando para o senhor que fazia referência. De forma agradecida.
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